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(10) Dr. Túlio Negro

O C.B.P. (I.N.N.G.) tem a honra de Homenagear um Grande Defensor, Humilde Divulgador da Deontologia e Ética Médica no Brasil e no Exterior

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Prof.º Doutor Túlio Negro

(in memoriam)

 

Dr. Túlio Negro: filho de São Caetano do Sul, trabalho incessante, exercício pela vida.

 

Todos os dias, ao meio-dia, ele se senta à mesa do restaurante Di Passione, do qual é proprietário, para almoçar. Após tantos anos de dedicação à medicina, hoje Dr. Túlio Negro, 86 anos, desfruta de uma vida tranquila e confortável, porém nada ociosa, decorrida de um trabalho árduo e prolífico.

 

Administra o seu restaurante com a ajuda indispensável do filho mais velho, tendo sempre Terezinha como companheira inseparável, e que lhe deu pleno apoio por toda a vida. Com sua amada, teve dois filhos: Fábio Augusto Negro - advogado, formado pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, e Gisele Negro de Lima – que, a exemplo do pai, seguiu carreira médica, formando-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado pela Universidade Federal de São Paulo.

 

São seus queridos netos: Lucas Ramos Negro (18 anos), filho de Fábio, e Rodrigo Negro Guillen de Lima (18 anos), filho de Gisele, que é estudante e barista no restaurante do avô como hobby.

 

Dr. Túlio Negro nasceu em São Caetano do Sul, em 1929, descendente de oriundi, vindos para o Núcleo Colonial de São Caetano em 1895. É filho de João Batista Negro, médico, reconhecido, “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, sabedoria, armazena a suavidade do amanhã.” (Leonardo da Vinci).

 

Dr. Túlio Negro e sua esposa, Terezinha Negro, posam no restaurante da família, Di Passione. Foto de outubro de 2015 Foto/Mariana Zenaro (FPMSCS) do na comunidade por sua capacidade e profícuo trabalho, e de Helena Razzante Negro, que recebeu o título de Rainha da Beleza em um certame realizado dentre as mais belas jovens de São Caetano, Santo André e São Paulo, em 1925. Miguel Negro, pequeno comerciante piemontês, avô do Dr. Túlio Negro, veio de Torino (Itália), viúvo, com seus filhos (Giacomo, Matheus, Magdalena, Annita, João Batista “Gianetto”, Batista, Vicente “Chenzo” e Felipe “Pino” Negro) para ganhar a vida na América. Instalaram-se, de início, no centro de São Caetano do Sul, e, após certo tempo, construíram um soberbo (sobradão), na esquina das ruas Alagoas e Pitaguares.

 

Este (sobradão) possuía moradias na parte superior e salões comerciais na parte inferior; num dos salões, instalaram um entreposto comercial, com vários produtos importados, como azeite de oliva, vinhos, conservas, queijos e o famoso pão italiano. No outro salão do sobrado, nasceu a primeira sede de futebol da região, denominada Corinthinhas, e foi lá que também surgiu um dos primeiros times de futebol da cidade. Na sede esportiva, os associados tinham como lazer jogos de truco, damas, bocha, várias reuniões sociais, além das competições futebolísticas.

 

Em Foco 39 Todos os filhos de Miguel Negro tinham formação musical, tendo continuado seus estudos com mestres de São Paulo, como o renomado professor Armando Belardi  maestro da Orquestra Filarmônica de São Paulo, no Theatro Municipal. Eles formaram a primeira orquestra sinfônica de São Caetano do Sul, que tocava no primeiro cinema da cidade, o Cine Central, e era constituída por Matheus (violão), Giacomo (regência e mais sete instrumentos), Gianetto (violino), Batista (piano e violão), Chenzo (violão e contrabaixo) e Pino (violino).

 

Com os anos, a família Negro prosperou em São Caetano. Túlio Negro foi um dos primeiros médicos da cidade, atendia no antigo Hospital Bartira, localizado em uma travessa da Rua Oswaldo Cruz, no Hospital Central, situado na Rua Manoel Coelho, e no Hospital Pompeia, localizado na Rua Baraldi. Graças ao pai generoso, que lhe proporcionou conforto e condições ideais para se aplicar exclusivamente aos estudos, se formou médico e construiu uma carreira brilhante.

 

Casou-se com Terezinha Naporano, hoje com 76 anos, em 1957. Nascida em São Paulo, em 1939, é formada em piano pelo Conservatório Musical Oswaldo Cruz, e filha de Tereza De Pierro Naporano – paulistana, de ascendência italiana, pianista

bem-sucedida e concertista do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e de Luiz Naporano, empresário da indústria de produtos de limpeza Luty Minerva, que detinha a patente do famoso detergente Minerva.

 

Quando Terezinha veio viver em São Caetano, no início da década de 1960, acreditava que a cidade se tratava, na realidade, de uma fazenda, pois, em comparação à capital paulista, tinha características muito primitivas, carecia de infraestrutura básica, como comércio diversificado, escolas, acesso à saúde, entre outros serviços. Nos tempos em que São Caetano sequer era uma cidade autônoma.

 

Túlio Negro fez o primário no Grupo Escolar de vila Barcelona, tendo concluído o 4º ano primário do Grupo Escolar 28 de Julho, localizado na Rua Oriente, no Bairro Barcelona, em São Caetano, na década de 1940. Naquela época, não havia ginásio em São Caetano, então o jovem foi cursar o Ginásio de Santo André, cujos professores vinham da capital paulista e trabalhavam no bem afamado Colégio Bandeirantes, em São Paulo.

 

Concursou-se em duas faculdades, tendo ingressado no curso superior de medicina, em 1951, na Universidade Federal de São Paulo, em 56º lugar dentre mais de mil candidatos.

 

Ainda estudante, no período de residência, trabalhou no Hospital Matarazzo, assistindo os veteranos nas cirurgias. Lá, os médicos, em sua maioria, eram italianos, mestres incríveis, com quem muito aprendeu. Porém, também havia alguns doutores de origem árabe, a exemplo do professor Dr. Mauad, excelente ginecologista, quem muito inspirou Tulio Negro.

 

Graduou-se em 1957, e, ao terminar o sexto ano de medicina, em 1958, fez concurso para especialização na Casa Maternal Dona Leonor Mendes de Barros, órgão do Estado de São Paulo e uma das mais renomadas escolas de ginecologia e obstetrícia. Lá nasciam crianças de todas as partes de São Paulo, pois existiam poucas maternidades na época e raras com excelência em atendimento.

 

Na Casa Maternal, permaneceu como residente por 10 anos, assistindo o respeitabilíssimo professor Dr. Domingos Delascio, que formou muitos médicos, hoje professores catedráticos em diversas instituições importantes do Estado de São Paulo e do país.

 

Após se formar, começou a clinicar em São Caetano entre os anos de 1958 e 1959. Nesse período, se deparou com as muitas dificuldades de um município que estruturava seus serviços há uma década.

 

Havia poucos médicos atuando na cidade, a medicina era generalista, campo no qual o profissional deveria abranger diversas áreas, precisando fazer de tudo um pouco, desde a medicina de família, pediatria, obstetrícia e ginecologia, até clínica geral, cirúrgica, etc.

 

Havia poucos hospitais locais. O Hospital Bartira proporcionava atendimento a cirurgias de médio porte, oferecia serviço de ginecologia e obstetrícia e dispunha de uma maternidade. Esse hospital não existe mais. Os médicos de São Caetano atuavam predominantemente na Beneficência Portuguesa e, quando impossível tratar dos pacientes nos consultórios e instituições hospitalares da cidade, os encaminhavam para tratamento em São Paulo.

 

Com largo conhecimento, Dr. Túlio Negro conseguiu contornar as dificuldades iniciais e teve a felicidade de obter progresso e muita respeitabilidade.

 

Ele tem catalogado em sua carreira de obstetra incontáveis nascimentos, dos quais cerca de 2 mil foram na cidade de São Caetano. Aqui, durante 36 anos, foi chefe do serviço de ginecologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Caetano do Sul. Lá, criou a maternidade formada com profissionais vindos de São Paulo.

 

Em 1959, foi admitido no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo, instituição vinculada ao Sesi, que mantinha convênio com o Hospital das Clínicas, onde exerceu a atividade de clínica cirúrgica por dez anos, sob orientação do professor Dr. Edmundo Vasconcellos. Lá, executou mais de 700 cirurgias bem-sucedidas, feito que lhe rendeu, em 1977, o título de (fellow), concedido pelo Colégio Internacional de Cirurgiões, com sede nos Estados Unidos.

 

“O professor Edmundo Vasconcelos era pequenino, mas um indivíduo fabuloso, grande mestre! Há um hospital no Bairro Ibirapuera, em São Paulo, que recebeu seu nome para homenageá-lo por seus incríveis feitos pela medicina no Brasil”, comenta. Túlio Negro abriu seu primeiro consultório na Avenida Goiás, n° 1.274, em 1958, abrangendo as áreas ginecológica, obstétrica e clínica geral.

 

Anos mais tarde, devido às obras de alargamento e duplicação da Avenida Goiás, parte do terreno onde estava situado o consultório foi desapropriada pela prefeitura, e o médico passou a clinicar por duas décadas em outro endereço, na esquina das ruas Piauí e Pinheiro Machado. Em 1969, solicitou sua demissão do Hospital Nossa Senhora de Lourdes para dedicar-se mais detidamente ao atendimento dos pacientes de seu consultório particular, em São Caetano, que tinha enorme demanda.

 

Na década de 1980, o antigo consultório foi reconstruído e o Dr. Tulio Negro voltou a atender naquele endereço. No Hospital Beneficência Portuguesa, trabalhou até 1986, no serviço de ginecologia e obstetrícia. Nessa instituição, desempenhou trabalho consistente e gratificante para a cidade. Esporadicamente, operou no Hospital São Caetano, aberto para médicos cadastrados no município e de Santo André, e realizou cirurgias no Hospital Central da cidade, do qual foi acionista junto a mais três profissionais.

 

Da década de 1980 até 2010, continuou a clinicar no consultório particular e atuou, majoritariamente, em São Paulo, a exemplo do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Nove de Julho. Operou alguns casos no Hospital Sírio-Libanês, e realizou partos no Hospital Pro Matre Paulista e no Hospital Maternidade Santa Catarina.

 

Tem em seu currículo incontáveis participações em cursos de atualização, seminários e congressos. Alguns títulos conquistados dos que valem ser citados são o de reconhecimento dos 50 anos de profissão, recebido pelos professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pela Associação Paulista de Medicina, em 2008, e o título de Clínica Médica da Unifesp, concedido por Jairo Ramos e Antônio Gerbara.

 

Em 2010, Dr. Túlio Negro decidiu aposentar-se, e, para manter a cabeça ativa, abriu o aconchegante restaurante Di Passioni, situado na Rua Sergipe, n° 20. Mas sempre que necessário presta assistência médica a antigos pacientes e amigos mais próximos, com a mesma devoção que cultivava no início de carreira. Suas memórias são muitas. Médico incansável, seus filhos e netos nasceram por suas mãos. “é incrível pensar que realizei uma cesariana na minha própria e querida filha Gisele que aliás é minha colega e na minha própria (amorosa e incansável) esposa Terezinha”, afirma.

 

Dr. Túlio Negro, filho de fundadores, não somente trouxe à vida muitos Sul-São-Caetanenses, mas, com o amor ao trabalho, trouxe vida a esta terra que frutifica prosperidade de seus filhos. Em 2019 o Senhor Prof. Dr. Túlio Negro, parte para uma nova vida, com a mesma dignidade como ele viveu neste plano.

Referências bibliográficas 1

 

https://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/?pg=home

 

https://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/145/BIOGRAFIA-EDMUNDO-VASCONCELOS.pdf

 

CRÉDITOS

 

Mariana Zenaro é jornalista, historiadora, especialista em Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e pós-graduanda em Arte: Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É colaboradora da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul.

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